O Milésimo Andar - Resenha

Livro: O Milésimo Andar
Autor(a): Katharine Mcgee
Título Original: The Thousandth Floor
Editora: Rocco
Avaliação: ⭐⭐⭐⭐⭐

O livro de estréia da escritora norte americana Katharine Mcgee chegou até mim de forma despretensiosa. Passou pelos meus olhos uma dezena de vezes, sempre sendo ignorado, antes que o retirasse da prateleira e resolvesse ler. Ao olhar a sinopse porém, já liguei o sinal de alerta, pois se tratava de uma distopia. E eu sinceramente estava meio farto do gênero, mesmo gostando bastante de histórias assim. Mas passado o primeiro sentimento de desprezo o restante da sinopse me chamou atenção e acabei me rendendo.E ainda bem que o fiz, pois foi uma das leituras mais prazerosas que tive esse ano, nesse segundo semestre a melhor, de longe!


Sinopse:
Manhattan já não é mais a mesma. No ano 2118, um grande edifício de mil andares ocupa toda a metrópole norte-americana. Na Torre, apartamentos abrem com reconhecimento facial, lentes de contato permitem acesso imediato à Internet e a inteligência artificial é uma realidade, mas intrigas, amor e segredos ainda afetam o coração humano. No meio de todo o progresso e luxo de alta tecnologia, um grupo de adolescentes tenta encontrar o seu lugar no topo do mundo. Mas quanto mais se sobe, maior é a queda.

Sky City na China

Ao contrário da maioria das distopias o mundo não foi dizimado por guerras, golpes de estado ou flagelo. Ele simplesmente sucumbiu perante o avanço tecnológico e viu uma de suas cidades ser transferida para uma torre sem precedentes construída no coração de Manhattan onde seus moradores puderam comprar seus apartamentos de acordo com sua posição social. Assim como em uma pirâmide social onde os mais pobres formam sua base, tanto economicamente falando como estruturalmente e no sentido contrário, quanto mais em direção a ponta, estão os mais abastados financeiramente estruturalmente. O livro não deixa claro quanto ao resto do país ou do mundo, mas dá a entender que nem todas as pessoas mesmo próximas a Manhattan estão nas torres, porém o mundo ao redor é algo caótico e inseguro, mas não inabitável. Vale ressaltar que a cidade foi levada literalmente para dentro da torre uma vez que seus andares mais altos são gigantescos em largura e altura, tendo inclusive uma réplica do Central Park e da Estação Central em seus andares. A autora contou em uma entrevista que se inspirou na Sky City, criada na China e que assim como a torre do livro possui diversos parques, escolas, hospitais e toda uma estrutura que uma cidade precisa.

Capa da versão original

Nos apresentando aos personagens somos transportados á vida de cinco adolescentes que veem suas vidas, escolhas e dúvidas se cruzarem, fazendo a trama se desenrolar com uma forma incrível que me prendeu muito, a ponto de enrolar pra finalizar o livro.
Avery Fuller é a garota perfeita. Literalmente. Seus pais a criaram geneticamente modificada só com as partes interessantes do código genético de cada um deles. Residente do milésimo andar, o mais alto da torre é através dela que conhecemos boa parte das tecnologias que existem nesse mundo futuro. Leituras de retinas, lentes de contato inteligentes, inteligencia artificial até pra preparar seu banho ou lhe trazer um copo d'água, são pontos que me deixaram com muita vontade de viver na torre, de preferencia em um andar bem alto.
Conhecemos também Leda Cole, de volta a torre após suas misteriosas férias no interior, segredos ainda longe de poderem ser revelados até mesmo a Avery, sua melhor amiga e acima de tudo uma paixão capaz de leva-la a loucura.
Eris Dodd é a amiga perfeita que se vê no olho de um furacão quando sua família precisa enfrentar o passado e lidar com as consequências disso no futuro. Nascida e criada nos andares mais altos da torre a garota precisará se adaptar a uma nova realidade que pode ser bem difícil de controlar.
Watt Bakradi é um hacker que faz diversos serviços para conseguir ajudar sua família a criar seus irmãos mais novos, em uma parte da torre bem longe do milésimo andar, além de esconder um segredo que poderia coloca-lo na prisão pelo resto de sua vida.
Rylin Myers é uma órfã que tenta cuidar de sua irmã caçula se dividindo entre o lar e o serviço em uma lanchonete em uma das estações de trem, na parte bem inferior da torre. Seu caminho, que pra ela já está completamente traçado irá fazer uma guinada inesperada quando um elemento do seu passado colidir com o seu presente de forma despretensiosa, mas de forma tão intensa que irá mexer com o seu futuro.

Capa alternativa da versão brasileira

O mundo apresentado pela autora no livro é incrível e muito interessante. As tecnologias apresentadas, as adequações da população perante esse avanço tecnológico e principalmente as reações humanas que independente da tecnologia e evolução alcançadas continuam basicamente as mesmas, tornam o livro muito interessante e difícil de parar de ler. Por mais que o cenário seja distópico em parte fantasioso, é possível reconhecer muito da nossa sociedade atual. A forma de subjugar os que aparentemente tem menos condições, a supervalorização do dinheiro, onde quanto mais se tem mais se desperdiça, as oportunidades distintas para cada um de acordo com sua posição social ou nesse caso, sua posição dentro da torre. Se tirássemos a tecnologia incrível, seria apenas a verticalização da nossa sociedade atual. Todos os problemas estão lá, as histórias que apesar de tentarem ser escondias vem a tona, os caminhos que por mais incrível que pareça se cruzam, as atitudes que pensavam estarem as escondidas serem desmascaradas. Tudo isso distribuído em uma torre de mil andares e muita tecnologia.

Além deste a escritora escreveu mais dois volumes (The Dazzling Heights e The Towering Sky) que já foram lançados lá fora, porém até o momento não tem precisão de lançamento no Brasil. Pesquisei em diversos sites e no próprio site da editora, porém não enocntrei nada que envidencie o lançamento em um futuro próximo. Ressaltando que o segundo volume foi lançado lá fora em 2017, bem antes do lançamento do primeiro volume aqui no Brasil, em Março deste ano.
O canal de TV norte-americano ABC comprou os direitos de adaptação da trilogia, porém até o momento não se tem nenhuma especulação se a adaptação irá acontecer mesmo ou não. Aparentemente os direitos foram comprados logo após o lançamento do primeiro volume, ainda em 2016 e chegou a se especular que Greg Berlanti (Arrow, Flash, Everwood) e a criadora Maggie Friedman (Witches of East End, Eastwick, Related) estavam trabalhando em um roteiro que seria apresentado e teria previsão de lançamento, caso aprovado pelos executivos do canal, no segundo semestre de 2017. Bom, pelo visto não passaram de especulações, uma vez que até hoje não há mais nenhuma informação a respeito.